E
agora, o diálogo artístico se completará com a poesia, que é, ao mesmo tempo,
dança e música – a dança e a música das palavras... Nosso convidado é o poeta José Inácio Vieira de Melo que veio lá de Jequié para lhes
apresentar sua poesia. José Inácio
nasceu em Alagoas, mas está radicado na Bahia desde 1988 e, é como poeta
baiano, que ele se insere no universo literário. Além de poeta, ele é
jornalista e produtor cultural.
Já publicou sete livros. Tem poemas publicados
em várias línguas. Participa de inúmeras antologias no exterior, atua como
coordenador e curador de muitos eventos literários, recebe convites de todo
canto do país para participar de bienais do livro e feiras literárias. Nesse
ano de 2013, ele tem participado de tantos eventos de norte a sul do país
(chegou de BH e vai sair daqui direto para Salvador) que nem sei como achou
tempo de aceitar nosso convite para esse pequeno evento. Gente, eu podia ficar
aqui falando do escritor por um tempão, mas prefiro falar de sua poesia.
José
Inácio é conhecido no meio literário como o “Cavaleiro de Fogo”, não apenas
por ter fogo no nome (Inácio) e ser um vaqueiro de fogo nas ventas, como se diz
no sertão, mas principalmente pelo ardor de suas palavras. Tem esse codinome
por causa do fogo que emana de sua poesia, uma poesia telúrica, sonora, pulsante,
carmesim... capaz de tirar o leitor da acomodação, do lugar comum e,
poeticamente, transportá-lo com sua sonoridade vibrante, a um mundo onírico – povoado
de personagens bíblicos e heróis mitológicos, vaqueiros e estrelas, algarobeiras
e mandacarus, rosas encarnadas, mulheres e éguas.
Em todos os seus livros, ecoa o sertão da
infância que, transmutado por sua poesia, é um sertão mítico – que extrapola o
território convencional e pode ser “o mundo inteiro”. Isso é mais forte em seu
último livro, “Pedra Só”. Para escrever esse livro, o poeta busca, no corredor
da memória, as mais longínquas imagens, cheiros e sons do Sertão. Através
delas, ele cria o país do couro, um reino encantado, território mítico que
tanto pode ser sua fazenda Pedra Só, na Chapada Diamantina ou o povoado de Olho
d’Água do Pai Mané, em Alagoas, terra onde ele nasceu. Mas também, pode ser que
esse reino seja um lugar ou um não-lugar, que se limita com a ilha grega de
Ítaca e, ao mesmo tempo, com a cidade de Tróia, na Turquia.
E como vivemos na cidade que é “Portal do
Sertão”, e estamos falando do reino da poesia, “Pedra Só” pode ser aqui mesmo,
no foyer do Centro de Cultura Amélio Amorim... Então, convido todos vocês a
adentrarem esse reino encantado. E para
iniciar o transporte, o translado, vou convidar a poeta Larissa Rodrigues, coordenadora da Diabo A4 editora e do Feira Coletivo Cultural, para fazer a
leitura de um poema de “Pedra Só”. Deixemo-nos, então, conduzir por sua bela
voz!